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domingo, 5 de julho de 2015

CINCO importantes números para a Gestão das Transportadoras

CINCO importantes números para a Gestão das Transportadoras

Gerenciar uma Transportadora não é uma tarefa fácil! Nos dias de hoje, diante de tantos desafios e obstáculos, no que realmente devemos focar? Quais devem ser os pontos de maior atenção por parte de acionistas, executivos e demais colaboradores da empresa?

Independente do seu porte, dos serviços prestados ou dos segmentos de atuação, toda Transportadora deve monitorar constantemente CINCO indicadores:

1Receita Operacional Bruta (ROB). Correspondem à receita gerada com os serviços prestados pela empresa; não devem ser incluídas as receitas não operacionais, obtidas, por exemplo, com a venda de veículos ou de outros equipamentos. A evolução da ROB deve ser avaliada de forma consolidada e de forma individualizada, nesse caso atentando-se para a receita gerada por Região (grupo de filiais), por Filial, por Executivo de Vendas, por Tipo de Serviço Prestado, por Tipo deTabela de Frete Aplicada, por Segmento de Atuação, por Cliente (para Clientes "A" e "B" da Curva ABC). Devemos comparar o valor em questão com a meta determinada e com o histórico dp ano anterior, no mês e no acumulado até o mês.Variações entre 10% a 20% normalmente são estabelecidas como metas para a ROB, quando comparamos o ano corrente com o ano anterior. Metas superiores a isso podem ser determinadas para regiões, filiais, serviços, etc ainda em desenvolvimento, que sabidamente apresentem grande potencial de crescimento, Não confundir a ROB com a ROL. A ROL - Receita Operacional Líquida é obtida a partir da ROB, abatendo os impostos incidentes sobre as vendas (PIS, COFINS e ICMS) e os descontos concedidos.

2. Custo dos Serviços Prestados (CSP)Referem-se aos custos operacionais, fixos e variáveis, Envolvem os gastos com frota própria e terceiros nas operações de coleta, entrega e transferência. Incluem-se  aí também os custos com os terminais de cargas e armazéns, bem como com oficinas de manutenção e setor de tráfego. Dentre os custos fixos destacamos os salários, encargos sociais e benefícios da tripulação (motoristas e ajudantes), a depreciação dos veículos (caminhão, cavalo, reboque e semirreboque) e seu custo de oportunidade (também conhecido como remuneração do capital). Dentre os custos variáveis sobressaem o diesel, manutenção e os pneus. O CSP, na carga lotação deveria estar entre 65% e 70% da ROL - Receita Operacional Líquida; na carga facionada estamos falando de algo entre 70% a 75%. Qualquer coisa fora desse intervalo deve atrair a atenção imediata do gestor; isso poderá significar distorções no custo (para cima obviamente) ou nas receitas. Normalmente altos índices de CSP, acima de 80%, são resultado de custos descontrolados  e de receitas ruins, que correspondem a mais complexa situação, de mais difícil resolução. Transportadoras que estejam vivenciando esse momento devem tomar medidas emergenciais, pois isso aumentará rapidamente para 82%, 85%, 87% e 90%, decretando, em 2 a 3 anos, o fim da empresa!

3. Despesas Operacionais (DO). Abragem todos os gastos relacionados aos departamentos de apoio à operação, como a área de Vendas, Marketing,Serviço ao Cliente, Recursos Humanos, Administrativo e Financeiro, Contábil, Controladoria, Jurídico, Segurança Patrimonial, Compras, Qualidade Total, SSMA (Saúde, Segurança e Meio Ambiente), etc. Ao olharmos para esses departamentos, rapidamente identificamos omaior componente das despesas: a mão de obra. Uma vez instalados, são difíceis de serem removidos. Algumas Transportadoras são bem sucedidas em reduzir o CSP, mas fracassam no controle das Despesas Operacionais. Ninguém quer abrir mão de colaboradores, alegando falta de automação, inexistência de processos padronizados, excesso de burocracia, etc. Em empresas de carga lotação deveria representar algo entre 5% a 10% da ROL; na carga fracionada, pela sua alta complexidade, poderia chegar a 15% da ROL. Infelizmente, muitas Transportadoras apresentam indicadores superiores a 20% da ROL, caminhando para um triste e conhecido fim, a sua extinção.

4. Avarias, Furtos e Extravios. Aqui estão os gastos decorrentes de indenizações a Clientes relacionadas a avarias nas mercadorias, furtos e extravios. Até alguns anos atrás, essa conta passava despercebida pela grande maioria das Transportadoras, mas de alguns anos para cá, tem aumentado incessantemente, de forma inercial. Em empresas com má gestão, podem ultrapassar 1% da ROL, chegando a até 3%, quando deveriam estar muito próximas de zero.

5. Frete Peso. Trata-se de um importante indicador, que de forma detalhada e individualizada (por Filial, por Segmento, etc.), nos permitirá uma análise do valor agregado da mercadoria, principalmente quando realizamos comparações com clientes de mesmo segmento. Não é possível determinar um índice padrão de mercado, em função das origens e destinos operados e do perfil das cargas transportadas, mas é importante monitorá-los ao longo do tempo.

E a lucratividade? Não deveria ser ela o principal índice monitorado pelas Transportadoras? Sherlock Holmes diria: "elementar, meu caro Watson". Mas veja bem que o lucro líquido é uma simples consequência dos demais itens acima. Portanto, se direcionarmos nossos esforços e atenção para os indicadores anteriormente citados, teremos, como consequência natural, bons indicadores de rentabilidade.

É claro que para a gestão de uma Transportadora, outros números deverão ser utilizados, como por exemplo a representatividade das despesas financeiras (juros e taxas bancárias) em relação à ROL, ou o market-share (participação de mercado) alcançado em determinado segmento ou região geográfica, ou o seu grau de endividamento, etc.

Mas, se tiver que priorizar algo, dedique seu escasso tempo a esses indicadores. Se entendê-los a fundo e se souber agir de forma correta, você rapidamente verá os resultados, e eliminará por muito tempo o risco de tornar-se estatística de mortalidade nesse combalido setor.

Sucesso! Bom trabalho! Há muito o que fazer pela frente!
Autor: Marco Antonio Oliveira Neves